terça-feira, 2 de novembro de 2010

Relações

Inicialmente o título deste post era para ser “Casamentos”, mas isso seria mais um post de alguns anos atrás. Temos de nos adaptar às novas realidades e as realidades conjugais neste momento são diferentes e já não passam apenas e simplesmente pela “instituição” do casamento.
Mas indo ao que interessa!! Eu e esta mania de estar ali que tempos à volta do assunto, deixando outras opiniões que nada têm a ver com o que quero falar e depois esqueço-me do objectivo inicial do post, que é basicamente o que está a acontecer agora e como tal estou a tentar “encher chouriços” esperando que volte a inspiração que me fez ligar o computador para falar das relações. Aviso desde já que falarei sempre em casamento, subentendendo-se daí todo e qualquer tipo de relação a dois.
Ando um pouco abalada com as pressões sociais que de repente se abateram sobre mim, e que, diga-se de passagem, estão a afectar esta frágil mioleira.
Isto leva a que faça uma daquelas loucas introspecções e pense no significado das coisas. Acabo sempre por dizer, ou neste caso, escrever o óbvio, que é: o ser humano é um ser gregário, não tem muito o hábito de viver sozinho. Aliás, basta ver o número de eremitas para perceber isso e como tal perceber que é natural cada um de nós gostar de ter companhia. Instituiu-se, sabe-se lá bem como e não, não vou investigar porque não tenho pachorra para isso e não, não vou procurar na net, porque nem tudo o que lá está tem a idoneidade que se gostaria, mas dizia, instituiu-se que deveríamos, ou dava mais jeito vivermos aos pares. Há sempre culturas que divergem um pouco e, no caso dos homens é-lhes permitido deambularem por aí e terem uma porrada de mulheres que por pressuposto lhes devem dar uma porrada de filhos. Regra geral são relacionamentos a dois. Depois criou-se o cinema e com ele nasceu aquela coisa muito famosa que é a empresa de Hollywood e que enche a cabeça das senhoras que todas as relações são um sonho, que existem príncipes encantados e que os homens são todos charmosos e merdas afins e que, independentemente de tudo o que possa acontecer, acaba tudo com muito amor e carinho.
Pois bem, vamos lá desmistificar esta treta:
1- A vida não é amor e uma cabana;
2- Os homens não são todos um sonho (tomara muitos chegarem a homens);
3- As relações não são um mar de rosas;
4- Consequentemente as relações têm altos e baixos;
5- Qualquer relação que se preze exige esforços e cedências;
6- Podia continuar a falar disto, mas vou só destrinçar os pontos acima mencionados pois será o suficiente.
Lá porque os filmes querem impingir às adolescentes, e às maiorzinhas também, que é só estalar os dedos e o amor acontece (acho que isto é nome de filme, mas não sei dizer de outra forma), as coisas não são assim. O príncipe encantado faz parte do imaginário, o que temos pela frente são muitas vezes uma cambada de broncos que acham que só porque têm uns olhos lindos ou meia dúzia de músculos sobressaídos são alguma coisinha de jeito, mas basta abrir a boca e estragam logo a pintura. Também temos aqueles que se valem das suas notas de 500 euros para as terem aos pés, porque o que elas querem é segurança financeira e isso, aparentemente eles podem dar, o resto, bem o resto arranja-se por aí. Há pouca coisa que o dinheiro não compre.
Continuando o raciocínio, depois temos as discussões. Sim, discussões, elas existem e o ditado é muito, mas mesmo muito antigo: Casa que não é ralhada não é bem governada. E não estamos a falar daquelas discussões violentas, basta falar em conversas onde se discutem as opiniões, onde se dividem pensamentos, onde há discordâncias e é preciso chegar a um consenso. Todos temos as nossas características e quem está connosco não tem necessariamente de pensar o mesmo ou querer fazer o mesmo. Há atritos, há birrices, há simplesmente opiniões convergentes e divergentes. Infelizmente, a ideia que me passam é que basta uma opinião ser divergente e está a separar, já não se discute, não se conversa, porque tudo isso dá muito trabalho. É mais fácil separar, mandar pastar. E chegamos aos pontos 3, 4 e 5. Uma relação, como tudo na vida, não é um mar de rosas, é sim um filho da mãe de um espinhal que parece nunca mais ter fim, e onde de quando em vez brotam umas rosas lindíssimas, magníficas, tão magníficas que nos fazem perder o fôlego e é saber apreciar esses momentos tão únicos e tão belos que nos fazem continuar a suportar a porra dos espinhos, que nos ensinam a ceder ou a fazer finca pé quando necessário, que nos ensinam que só com algum esforço conseguimos algo verdadeiro, que suporta tempestades e aprecia as abertas do tempo. E depois, bem, depois, sabendo respeitar e sendo respeitado, ouvindo e falando, criam-se aquelas magníficas cumplicidades e por isso é que ainda hoje se vêem casais, daqueles com 50 e 60 anos de convivência que põem qualquer casal novo a um canto, tal é a sua cumplicidade, porque souberam aprender um com o outro, cedendo e fazendo por vezes esforços descomunais para que a relação sobrevivesse. A vida passa num ápice, assim como as coisas boas, e nós, com esta mania que sabemos tudo, deixamos escapar por entre os dedos. Depois exigimos dos outros, mas quem somos nós para exigir o que não conseguimos fazer?