quarta-feira, 2 de abril de 2008

Sr. Lino

A semana passada quando regressava a casa, passei pelo autocarro da noite que vem da Vieira para Monte Redondo. Durante anos, vim no autocarro daquela hora, afinal de contas só tínhamos 2 autocarros compatíveis com os nossos horários escolares: 13h00 (chegava perto das 14h00 a casa), 17h00 e 19h10. Mas o que tem de tão especial um autocarro ou o seu horário? Aparentemente nada, mas o autocarro da noite era conduzido pelo mesmo motorista do autocarro da manhã, o das 7h00 da manhã e o que todos tínhamos de apanhar, porquê? Por falta de alternativa! Mas indo ao que interessa, durante anos, o tempo em que estudei na Vieira e posteriormente nas férias de Verão quando ia trabalhar para o Pedrógão, o motorista foi sempre o mesmo, o Sr. Lino. Um senhor que sempre aturou as nossas doideiras, as nossas músicas, mas quando achava que estávamos a exagerar, fazia sabê-lo e nós, também por via da nossa educação, respeitávamos a sua decisão e pedíamos desculpa. Depois converti-me ao veículo de transporte individual, vulgo carro, mas de vez em quando ainda utilizava o autocarro e sempre, mas sempre, o Sr. Lino perguntava como estavam as coisas, perguntava pelo mano e lá íamos nós todo o percurso a actualizar a informação. Agora se decidir voltar a fazer o percurso já não poderei fazer tal coisa. Infelizmente o Sr. Lino já não se encontra no meio de nós. O cancro é uma daquelas doenças que leva as pessoas antes do tempo e o Sr. Lino foi mais uma das vítimas. Nada se pode fazer quanto a isso, como tal, deixo simplesmente uma homenagem sentida a um homem que sempre foi amigo de todos, bom ouvinte e de uma paciência únicas.