segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pontos de encontro

Na ressaca de mais uma viagem, faço uma pequena reflexão relativamente ao que vejo nos aeroportos. No século passado, viajar de avião era para muitos uma miragem, hoje em dia é um meio bastante comum e cómodo.
Em Portugal, independentemente da zona onde nos encontramos: chegadas ou partidas, é possível verificar que somos um povo muito efusivo. São as despedidas à qual comparece a família em peso, como se nunca mais víssemos o nosso familiar e as chegadas, onde mais uma vez lá está a família e por vezes o grupo de amigos, a celebrar. Às vezes parece que querem dizer: bolas, mais uma da qual te livraste :)
Este é o nosso lado mais nosso, como o pronome indica, mas há também o lado dos outros. O aeroporto é um ponto de encontro de culturas, de nacionalidades, de formas muito peculiares de viver uma viagem. Há as chegadas, onde vemos muita desorientação, o olhar curioso de quem tenta perceber em que mundo se encontra, o que deve fazer, o que será que o espera do lado de fora daquela porta que é a saída. Vemos também os encontros relacionados com negócios, estão a ver, aqueles tipos mesmo “à boca ” da porta das chegadas com aquelas folhas com o nome das pessoas que devem conduzir até ao seu destino final, sejam eles homens ou mulheres de negócios ou meros turistas que têm direito a tratamento vip pelo hotel onde vão ficar hospedados. Eu própria já passei por essa experiência e é de facto surreal. Ali estamos nós a sair e um desgraçado desesperado, porque o avião chegou atrasado e as bagagens estavam retidas, com a folha A4 onde está o nosso nome, para sabermos que não devemos ir muito longe, pois corremos o risco de nos perdermos. E há aeroportos onde esse é um risco real! Obedecemos, e à boa maneira tuga metemos conversa, mas nem todas as culturas lidam bem com a conversa de circunstância, portanto, se não devolverem conversa, nem sorrirem, aproveitem as vistas.
É também nas chegadas que podemos fazer apostas sobre a nacionalidade das pessoas, seja pelos comportamentos, acima de tudo a linguagem corporal, como através do ruído, pois há nacionalidades que se identificam pelos décibeis emitidos. Também é possível fazer uma pequena análise das origens, mais ou menos modestas das pessoas, o que é sempre interessante para fazer uma análise sócio-económica :) Mas isto sou eu a inventar, porque gosto muito disso, exercita o cérebro, que é coisa que tenho feito pouco ultimamente. De tal modo estou que nem escrevo, porque sai tudo uma grande embrulhada. E por falar nisso regresso ao tema da coisa :)
Agora é a vez das partidas. Acho que os latinos são de facto os mais efusivos. É como se a pessoa nunca mais voltasse, e, se de facto o avião cair as despedidas ficam de certeza feitas! Ou quase feitas pois somos um povo, para quem nunca é suficiente a despedida, é como se mantivéssemos um cordão umbilical invisível com os nossos familiares e os nossos amigos por toda a nossa vida.
Depois vemos sempre aqueles mais solitários, que ali estão pacientemente à espera que o check-in abra, ou que vão passeando com ar de quem não está a pensar em nada e não está para se preocupar com muito. Há os grupos escolares, equipas que vão representar clubes ou países, casais, mais ou menos amorosos, pessoas que partem do seu país e pessoas que regressam ao seu país.
Independentemente de ser chegada ou partida, há sempre os perdidos, que por vezes desesperam para encontrar ajuda, nem que seja só para nos remeter para outro sítio. Há os que passam mais tempo em aeroportos do que em casa, que não são os funcionários do aeroporto e que portanto tratam quer partidas, quer chegadas por tu e ali andam com os seus brinquedos mais recentes, a falar com meio mundo, a tomar decisões, a lerem livros e a correrem muitas vezes porque se esqueceram da hora e o check-in está quase a fechar.
Realmente um aeroporto tem muito que se lhe diga, estejam atentos, observem, divirtam-se, reflictam, apreciem :) Pessoalmente não tenho preferência por partidas ou chegadas, afinal quer uma quer outra significam novas experiências, sempre com regresso a casa como etapa final.