terça-feira, 12 de junho de 2007

O telejornal

Aí está o momento do dia que nos pode proporcionar matéria para escrever a rodos.
Este fim-de-semana passou uma reportagem que percorreu momentos passados há alguns anos atrás. Prova-nos este tipo de reportagem como a nossa memória está cada vez mais “selectiva”. A cadência de acontecimentos é tão rápida que acabamos por nos lembrar no momento, mas à medida que o tempo passa vamos esquecendo e ignorando alguns desses momentos, que fazem parte da nossa história recente. A reportagem era relativa à crise vidreira na Marinha Grande, situando-se a reportagem em questão há 13 anos atrás (1994) e recordou-me que de facto esta é uma localidade palco da indignação das pessoas. Esta foi uma terra de trabalhadores, de gente pobre que sempre tentou sobreviver perante as dificuldades apresentadas, foi também conhecida num passado recente como sendo um centro de resistência à política existente, foi a meados do século XX, vivia Portugal em pleno Estado Novo. Voltaram à rua em momento de verdadeira indignação e do mesmo modo que aconteceu durante o Estado Novo, voltaram a ser agredidos, não houve mortes, mas repressão como no passado. Tal repressão continua. Podemos viver naquilo que chamam uma democracia, mas sempre que alguém ousa efectivamente contestar o poder político, a resposta é uma força policial, a conhecida força de intervenção que tem como função calar a voz daqueles que escolhem quem está no poder. Irónico não é?
Mas não queria falar de política.
Aquilo que quero referir é a rapidez de informação, a não retenção da mesma, até porque, por vezes, aquilo com que nos deparamos não é uma verdadeira informação, não se baseia em factos, mas sim em especulação. Não digo que não temos jornalismo, felizmente temos, mas infelizmente, cada vez mais existe a especulação. Como posso afirmar tal? Basta verem como se conta o mesmo facto. Afinal é isso que é o jornalismo não, o relato de factos? Então porque informam de modo diferente o mesmo facto?
Por vezes pergunto-me se estamos realmente a ser informados. Quando se explora a dor dos outros isso é informação?

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