segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Spirit Spot

Precisava aclarar as ideias! Os últimos dias têm sido um turbilhão de sentimentos, tantos e a sobreporem-se uns aos outros, como se estivéssemos numa plateia e tivéssemos de chegar urgentemente à fila da frente. Eu, eu, eu,eu!!! Todos querem estar à frente, todos querem ser mais importantes, mais vistos, mais sentidos. Pára!!!!
Cheguei, agora apenas a minha mente, o meu corpo e o meu sítio, aquele onde mais nada existe. Deixo que os odores da natureza invadam as minhas narinas e que me inundem de sensações. Nada me obriga a nada, é puro gozo. Caminho totalmente absorta pelo que me envolve. Os cheiros, continuam, cada vez mais intensos, o borbulhar do mar, o partir da onda, o envolvimento com a areia, o fervilhar da água enquanto percorre alguns metros naquela areia que estava seca e que recebe as primeiras gotas do dia. Memória de infância que se aviva, petazetas :) Do que me havia de lembrar, sorrio e continuo. Sou apanhada por um pequeno bando de gaivotas, observo a sua dança entre terra e mar, as aprendizagens das juvenis e o bater de asa vigoroso das mais crescidas. Mais uns metros e uma outra gaivota descansa, virada para o mar quase parece dialogar com ele e com a brisa que se faz sentir. Será que está a verificar qual o melhor momento para levantar voo, ou para se alimentar? Não sei, mas ela continua firme à minha passagem. Está a saber bem sentir na cara esta brisa, que muitos apelidariam de ventania. Sinto o meu nariz a enregelar, mas continuo, esta mistura de odores, o mar e a terra, a areia, o pinheiro, as camarinhas. Que riqueza, que fascínio, e, volto a sorrir.
Paro, viro-me para oeste e percebo que estou bem longe. Não avisto qualquer vestígio de humanidade, nada de casas, nada de pessoas, nada de passadiços, bolas! Afinal encontro a marca humana, poluição, lixo e mais lixo espalhado pelo areal. Como me diziam quando era pequena, o mar não quer nada que não seja dele, tarde ou cedo, tudo manda cá para fora. Aí está o exemplo, uma quantidade absurda de lixos.
Regresso à contemplação, o sol aproxima-se rapidamente da linha da água. Uma imagem que sempre prendeu o meu olhar e que tanto me fez sonhar. Gostava de apanhar o sol numa dessas descidas, perguntar-lhe qual é a sensação de mergulhar nas profundezas do mar, ser recebido pelas centenas de seres que ali vivem. Uma fotografia é o que gostava de tirar neste momento, terá de ser mental, assim quando mais tarde me for deitar posso recordar cada pormenor deste suave embalar. Mais um pouco e quase que já não se vê o sol, que casamento magnífico, as cores que circundam este espaço são esbeltas, das mais variadas tonalidades.
Bolas, está mais escuro, é tempo de regressar, devagar, com calma, há tempo.

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