domingo, 1 de novembro de 2009

Dia de bruxas ou Pão por Deus?

Somos animais de hábitos e então os portugueses têm o mau hábito de achar que tudo o que vem de fora é que é bom e aquilo que é nosso não vale nada. Até parece que estou a ver o Eça (Eça de Queiroz) a abanar a cabeça e a pensar para com os seus botões: será possível que não sejamos capazes de mudar?
E a que propósito vem este discurso? Precisamente por causa do dia que hoje se celebra um pouco por toda a parte, o dia das bruxas. O dia das bruxas tem origem celta, foi levado para os Estados Unidos no século XIX, fruto da emigração e foi-se enraizando neste país. As pessoas basicamente mascaram-se para afugentar os espíritos malignos e fazem algumas partidas uns aos outros, e aqui envolvem-se mais as crianças que vão pedindo um doce em cada casa que passam, ou um doce, ou uma travessura. Em Portugal, a moda do Dia das bruxas, começou muito devagarinho e neste momento transformou-se em mais uma festa temática para se fazer dinheiro. Apesar de não haver a parte mais dedicada às crianças, com o “doce ou travessura”, os adultos e adolescentes aproveitam para se libertarem um pouco, fazerem festas, mascararem-se, até porque o Carnaval é um período muito pequeno, e assim terem uma verdadeira justificação para se divertirem.
Desta forma vai-se perdendo a nossa tradição, uma coisinha muito simples e que por acaso se destina mais às crianças. O dia 1 e 2 de Novembro têm conotações fortemente religiosas, sendo o dia de todos os Santos e o dia dos finados em que se presta homenagem aos mortos. É nesse seguimento que segue a tradição do Pão por Deus, também conhecida pelo Dia do Bolinho. No dia 1 de Novembro, as crianças saem, normalmente depois do serviço religioso e percorrem as ruas das suas aldeias ou cidades, indo a casa das pessoas pedir o Pão por Deus, ou como se diz na minha terra: pedir o bolinho de pão de Deus. Antigamente as pessoas davam às crianças sempre alguma coisa de comer, pois havia pouco para oferecer. Hoje em dia dão-se acima de tudo doces e dinheiro. Esta é uma tradição que se está a perder.

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