quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A Rua Sésamo

10 de Novembro, foi a comemoração do nascimento da Rua Sésamo:)
O que é a Rua Sésamo? Tão simplesmente um dos melhores programas infantis jamais inventados, depois dos Marretas e dos Amigos do Sebastião, claro :)
A sério, era um programa que de forma simples, divertia e tinha uma acção pedagógica extraordinária. Quem não se lembra do Poupas, aquele grande pássaro amarelo? O Egas e o Becas? E do Monstro das Bolachas, o meu favorito :) ?
Era muito giro, claro que o programa foi inventado muitos anos antes nos Estados Unidos, mas em Portugal foi feita uma excelente adaptação e os meninos e meninas de várias gerações puderam aprender com estes personagens. Uns eram personagens ficcionadas, mais comummente chamados de bonecos e outros eram personagens humanas.
As saudades que tenho do Monstro das Bolachas:)

Muro de Berlim

Este textinho vai ser curtinho, prometo :)
A nossa sociedade é uma coisa incrível, fartamo-nos de inventar, assim todos os dias se celebra algo. Há dias para tudo e mais alguma coisa, sejam eles dias mundiais, europeus ou nacionais. Algumas são comemorações, ou lembranças que de facto merecem ser comemoradas e merecem toda a atenção do mundo, outras são um tanto mais fúteis, mas como parece ser moda, deixa andar.
É aqui que deixo a minha pequena lembrança dos dias que se passaram.
Dia 9 de Novembro de 2009, na Europa, pelo menos, comemoraram-se os 20 anos da queda do muro de Berlim. E o que foi o Muro de Berlim? Existe muita bibliografia relacionada com este assunto, mas assim em poucas linhas e através do meu olhar, o Muro de Berlim era um símbolo das consequências da II Guerra Mundial, do qual resultou o Pacto de Varsóvia e que acabou por dividir a Alemanha em República Federal e República Democrática. Durante décadas foi o símbolo das diferenças ideológicas, símbolo da Guerra Fria entre Estados Unidos/ NATO e URSS / Pacto de Varsóvia.
Muitas famílias foram desmembradas, separadas e quem tentasse passar o muro, que dividia não só a Alemanha, mas dividia também a própria cidade de Berlim, era morto a tiro. O Muro era mesmo um muro, uma divisão física, que culminava com um espaço cheio de rede e arame farpado, vigiada por soldados. Era vedado às pessoas e não podiam ultrapassar uma determinada distância, se a passassem considerava-se que estavam a tentar fugir, passar para o outro lado e isso por si só era uma sentença de morte, a ordem era atirar. Com a Perestroika, as alterações político-ideológicas que foram ocorrendo por toda a Europa de Leste no final da década de 80 do século XX , abriu-se caminho para a queda do muro. O dia 9 de Novembro ficou simbolicamente ligado à queda do Muro, sim porque o Muro não foi deitado abaixo num único dia e se formos a ver, ainda hoje há partes do muro em pé, sejam elas físicas ou apenas políticas, económicas ou sociais.
E aí está a unificação da cidade de Berlim 45 anos após o final da II Guerra Mundial e a unificação da Alemanha. E assim, surge a Alemanha que para muitos ainda é a Alemanha “unificada”. Quase parece um episódio saído de um qualquer romance, mas é a simplificação de um momento que ainda hoje mostra as suas marcas, para mais ler livros de História que falam sobre o assunto :). Por isso mesmo é importante recordar o que se passou, recordar e respeitar aqueles que morreram por tentar passar aquela barreira física e a coragem de outros que lutaram politicamente para que a mudança fosse possível.
Ena pá, já aqui vai um testamento e só falei de um dos dias:(

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dia S. Martinho

No S. Martinho prova-se o vinho!
Sim senhor, este ditado popular está muito bem pensado e não é que hoje é mesmo o Dia de S. Martinho? Espero que alguém se lembre de mim e me convide para ir experimentar uma bela de uma pinga:)
Nas aldeias ainda existe esta tradição, em que após o período das vindimas este é o dia para abrir uma pipa e experimentar o vinho novo. Cá em casa era o dia de provar a água-pé, que se acompanhava sempre de umas castanhas.
Sim, porque beber é bom, mas comer é ainda melhor :)
Lá vem este costume tão português, quando há bebes, há comes e vice-versa :) é um costume que me apraz imenso e no dia de S. Martinho o pessoal aproveita e faz o magusto. O que é isso de magusto? Mas estão a viver em que dimensão? É mais uma bela tradição em que se faz uma bela fogueirita para assar as castanhas, que de pois se “regam” com a pinga nova.
Na escola ainda hoje se comemora o Magusto, ma sem a água pé :) Já não são é permitidas comemorações como há muitos anos atrás, e que, sejamos sinceros era uma coisa digna de se ver :)
Na véspera arranjávamos um bocadinho de caruma e um saquito com meia dúzia de castanhas que os pais nos davam, se não havia dinheiro para comprar as castanhas, o que de facto acontecia com alguns meninos, as professoras levavam a mais e ninguém era excluído, todos levavam um saquito. Na minha terra o magusto fazia-se no campo da bola e lá ía a putalhada toda contente com o seu monte de caruma e as suas castanhas. Chegados ao campo da bola, as professoras, a empregada da escola, hoje auxiliar de educação, e mais algumas pessoas, que não me recordo se eram pais ou pessoas que gostavam de ver, juntavam a caruma, juntavam as castanhas e preparavam as coisas para se fazer a fogueira. À medida que se assavam as castanhas fazia-se a distribuição por todas as crianças e era uma festa :) Chegávamos a casa completamente “escravunçados”, ou se preferirem todos sujos com o carvão que se pegava às castanhas :) Eram mãos, caras, roupa, tudo tingido de preto :) Era uma alegria só, comíamos até não poder mais e aquelas eram as castanhas mais deliciosas que havia, tão docinhas :)
Agora já não se pode fazer fogueira que os meninos podem queimar-se. Cá para mim têm é medo que os miúdos se transformem em pirómanos, ou usem os colegas como tochas humanas, tudo é possível! As leis e regulamentos e o raio a sete estragaram o divertimento da coisa, proíbem as crianças de serem crianças e depois dizem que temos pequenos monstros ditadores! Não os criem! Deixem-nos viver este período tão curto!
O meu lado radical já me está a dizer: “vamos criar um movimento para reabilitar o Magusto!”. Loucura eu sei, porque para fazer este movimento em seguida teria de criar o movimento para reabilitar os carrinhos de rolamentos, o jogo do pião, a cabra cega, os castelos de areia na praia, as corridas de bicicleta, a infância, tanta coisa, que nunca mais daqui sairia.
E já agora, vocês, o que gostariam de reabilitar?

Emigrantes e imigrantes

Portugal e os portugueses desde sempre tiveram uma particular adoração por tudo o que vem de fora, por isso mesmo, mantemos este raio de baixa auto-estima nacional e esquecemo-nos de valorizar o que é nosso e como tal não criamos oportunidades para crescer e dar cartas nas mais variadas áreas empresariais, científicas e afins, como em tempos aconteceu. Mas em tempos muito idos, por isso é muito normal que muitos não se lembrem ou pensem que é fantasia, mas de facto já demos cartas em muitas áreas, como a diplomática, as ciências, as matemáticas entre outras :) . Assim, o que nos resta? Sair do país! Uma prática também ela com grande história no nosso país. E lá vamos nós de malas aviadas para um destino que não é de férias, para realizar investigação que não pode ser feita em Portugal, porque não há financiamento ou equipamento para tal, ou então vamos tentar a sorte no sentido de ganhar mais uns cobres do que em Portugal. Este sempre foi o principal motivo de saída do país, ganhar um pouco mais do que em Portugal. Então saímos do país em busca de melhores condições para ter uma velhice mais sossegada. E o que vamos fazer para os países que nos acolhem? Tudo o que houver para fazer, qualquer coisa, desde que dê para ganhar mais uns cobres e assim, vemos muitas pessoas a limpar casas de banho, empregados domésticos, a serem porteiros de casas, a trabalhar na construção civil. São trabalhos honestos e honrados, mas sabe-se lá porquê, em Portugal (estou a falar da questão territorial), as pessoas desdenham dessas profissões, de tal modo que quando deixámos de ser um país “exportador” de mão de obra e passámos a receber cidadãos de outros países, a primeira coisa que se fez foi deixar de desempenhar essas tarefas. Não consigo perceber de facto, porque raio é que em Portugal não só se desprezam tanto tarefas e profissões que os nossos emigrantes desempenharam e ainda hoje realizam nos países que os acolhem a ponto de se negarem a realizá-las. Ainda para mais quando muitos gritam alto e bom som que os imigrantes só vieram roubar o trabalho aos portugueses! Então, mas não são os portugueses que não querem realizar essas tarefas, desempenhar essas profissões? Já se esqueceram que eles estão a fazer exactamente a mesma coisa que nós fizemos em tempos idos, quando fomos nós quem saiu para procurar melhores condições, nem que para isso tivéssemos de fazer o que os outros não queriam? Os imigrantes apenas estão a tentar a sorte num país com menos condições que o nosso. Eu sei que parece difícil haver algum país pior que o nosso, mas acreditem, existem muitos países por aí com condições bem piores do que as nossas e essas pessoas que querem procurar melhores condições têm tanto direito a fazê-lo quanto nós o fizemos e continuamos a fazer. Está certo que com a imigração começaram a notar-se e a sentir-se algumas situações que antes passavam despercebidas, como o aumento da criminalidade, aspectos que não eram muito focados pela comunicação social e que têm sido mais visados com esta situação conjuntural a nível sócio-económico. Mas não pensem que foram os imigrantes que trouxeram a criminalidade, ela já existia, assim como existia em França, na Alemanha ou outros países para onde os portugueses emigraram e também eles foram alvo das críticas sociais e responsabilizados por todos os males dos países de acolhimento. Compreendo que a situação económica é má, que muitos estão desempregados, que cada vez mais custa chegar ao fim do mês, excepto claro está para a classe política e para os cada vez mais ricos, é duro, e o mais fácil é culpar quem consideramos “estranho”, mas eles, os imigrantes também têm as suas dificuldades, a crise não lhes passa ao lado, o serem olhados de lado também não, a vida para eles é tão ou mais dura do que a nossa, afinal não estão no seu país. Não estou a responsabilizar ou a desresponsabilizar ninguém por coisa alguma, mas assim como há portugueses bons também os há maus, assim como em qualquer povo, em qualquer nação, temos o bom, o mau e o péssimo, é uma questão de pertencermos à espécie humana, não a um local geográfico específico. Estamos todos a lutar pelo mesmo: a nossa sobrevivência. Uns emigram, outros imigram!

domingo, 1 de novembro de 2009

Dia de bruxas ou Pão por Deus?

Somos animais de hábitos e então os portugueses têm o mau hábito de achar que tudo o que vem de fora é que é bom e aquilo que é nosso não vale nada. Até parece que estou a ver o Eça (Eça de Queiroz) a abanar a cabeça e a pensar para com os seus botões: será possível que não sejamos capazes de mudar?
E a que propósito vem este discurso? Precisamente por causa do dia que hoje se celebra um pouco por toda a parte, o dia das bruxas. O dia das bruxas tem origem celta, foi levado para os Estados Unidos no século XIX, fruto da emigração e foi-se enraizando neste país. As pessoas basicamente mascaram-se para afugentar os espíritos malignos e fazem algumas partidas uns aos outros, e aqui envolvem-se mais as crianças que vão pedindo um doce em cada casa que passam, ou um doce, ou uma travessura. Em Portugal, a moda do Dia das bruxas, começou muito devagarinho e neste momento transformou-se em mais uma festa temática para se fazer dinheiro. Apesar de não haver a parte mais dedicada às crianças, com o “doce ou travessura”, os adultos e adolescentes aproveitam para se libertarem um pouco, fazerem festas, mascararem-se, até porque o Carnaval é um período muito pequeno, e assim terem uma verdadeira justificação para se divertirem.
Desta forma vai-se perdendo a nossa tradição, uma coisinha muito simples e que por acaso se destina mais às crianças. O dia 1 e 2 de Novembro têm conotações fortemente religiosas, sendo o dia de todos os Santos e o dia dos finados em que se presta homenagem aos mortos. É nesse seguimento que segue a tradição do Pão por Deus, também conhecida pelo Dia do Bolinho. No dia 1 de Novembro, as crianças saem, normalmente depois do serviço religioso e percorrem as ruas das suas aldeias ou cidades, indo a casa das pessoas pedir o Pão por Deus, ou como se diz na minha terra: pedir o bolinho de pão de Deus. Antigamente as pessoas davam às crianças sempre alguma coisa de comer, pois havia pouco para oferecer. Hoje em dia dão-se acima de tudo doces e dinheiro. Esta é uma tradição que se está a perder.