quarta-feira, 17 de março de 2010

Efémeros

A vida às vezes prega-nos algumas surpresas e a morte é uma delas. Todos sabemos que a morte é inevitável. Apesar de muitos continuarem a acreditar que é algo que só acontece aos outros, todos morreremos. Sem hora nem dia marcados ela virá e lá se acaba a nossa presença na terra. Presença essa que é efémera. Se pensarmos que a vida é feita de momentos, momentos esses que são efémeros, a nossa vida é também ela efémera, apenas um momento. Podemos apenas viver algumas horas ou até ultrapassar os 100 anos, a nossa vida não deixa de ser um momento. Acham que não? Então pensem lá, que idade tem a Terra? Pois é, somos uma gotinha, um pequeno momento, portanto somos efémeros, somos pequenos, muito pequenos mesmo. Pensamos que somos o centro do universo, mas a realidade é que o universo até estaria de melhor saúde não fosse o nosso exacerbado egocentrismo.
Assim, a máxima que diz, vivam cada minuto como se fosse o último, é válida e se pensarmos no global, em vez de pensarmos apenas no nosso umbigo faz sentido.
Não se esqueçam, daqui a um segundo podemos estar a dar um último suspiro.
Muito negro? Não sei, quando somos confrontados com a morte, ou pelo menos eu, quando confrontada com a morte, penso o que afinal é a vida, o que ando a fazer.
Quero mudar o mundo, mas acabo por me acomodar e volto a olhar apenas para o meu umbigo.
E não me chamem egoísta, estúpida e outros sinónimos ou afins, até porque sabem bem que não estou sozinha neste barco.
Isto está um pouco sem nexo, não está? Deixem lá, a vida também não tem nenhum nexo, portanto, fica tudo em família.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mais uma amostra

14/10/1993

Não consigo pensar,
Muito menos raciocinar.
Talvez nunca o tenha feito.
Provavelmente nem sei o que é.
Limito-me.
E faço o que me foi ensinado.
Será que os que me ensinaram também sabem?
Não sei se penso ou raciocino.
Só sei que mesmo que o faça,
De momento estou impossibilitada.
E de cada vez que me lembro de ti,
Há um bloqueio.
Então só há tempo para pouco
Esse pouco que pode ser muito,
Que para muitos será nada
No entanto para mim,
De tanto que é,
Torna-se insuficiente.
É o avivar das recordações
Tudo porque já passou,
Contudo, ainda não morreu.
Resumindo:
Penso em ti!

Uma amostra

Agora que falei do início do Divagações e da forma como a M. declamava os “poemas” deixo aqui um desses meus textos:

23/12/1992

A noite
Propícia ao sonho,
À fantasia.
Mas eu medito,
Penso, questiono-me
Interpreto o meu mundo,
O mundo que me rodeia.
Noites de insónia
A necessidade de algo
Qualquer coisa que falta
Um espaço por preencher
Um espaço vazio
Não sei se será preenchido
A dor aumenta
A tristeza toma-me,
Domina-me
Tento resistir, mas não consigo
Porque há algo que não existe
Assim a noite é diferente.
Torna-se pesadelo, medo
Deito-me e choro
As lágrimas que não param
Que ninguém consegue parar
E o tempo que corre
Angústia que não tem fim
Tormento que não me deixa
Algo que tem de ser feito
Assim não vou conseguir viver.

Nasceu o Divagações

Há 3 anos e 1 mês atrás começou esta aventura de passar alguns pensamentos para a blogosfera em vez do meu livro de capa preta. Apercebo-me agora como o tempo passa rápido e como me parece que deixei de escrever com a frequência com que o fazia.
Mas não era sobre a frequência dos textos que queria falar, era mesmo do verdadeiro nascimento do Divagações. Começou lá bem longe em 1992, andava eu na secundária da Vieira, em plena adolescência, quando por brincadeira comecei a escrever uns pequenos “poemas”. Coloco a palavra poemas entre aspas pois na realidade não gosto de intitular de poemas esses meus textos. Sempre gostei mais de chamá-los prosa em meia linha. Quem lhes chamava poemas eram os meus colegas, tanto que a M. agarrava neles e conseguia declamá-los. Achava extraordinário o que ela fazia, pois eu que era a autora não conseguia dar-lhes aquela “pujança”.
É que eu quando escrevia estava a pensar em mais do que uma coisa e era possível fazer jogos entre as várias linhas, até porque a pontuação a isso o permitia. Em termos poéticos poderíamos dizer que são rimas brancas, mas na realidade para mim eram prosas.
Após escrever uma série de “prosas em meia linha” comecei a escrever pequenas prosas, vulgo texto :) Aí achei que seria uma boa ideia passar para um caderno as minhas ideias, para um dia mais tarde verificar a minha evolução na escrita, na forma de pensar e também para relembrar e sorrir :)
Assim, em 1993, o Divagações passou a constar num caderno A4 de capa preta. O nome esse surgir de um mero acaso, pensei apenas que deveria ter um título, mas o quê, uma vez que eram apenas divagações de juventude? Divagações, aí estava o nome :) Textos com maior ou menor frequência foram surgindo e como diria o F., esse caríssimo amigo italiano, escreve que está a sofrer e na altura em que nos cruzámos de facto eu escrevia com regularidade e sofria…
Finalmente a adesão ao espaço virtual, onde confesso, tenho estado um pouco ausente, mas os textos vão saindo com alguma cadência e assim espero manter, independentemente do vício criado por todas essas novas ferramentas, cada vez mais apuradas e com novas funcionalidades.
O loucas divagações (versão virtual) é uma colectânea de textos que vão surgindo com naturalidade, sem pressão de tempos, de temas, apenas submetido à minha vontade, aos meus humores e necessidade de expressar-me.
Aos seguidores, continuem desse lado, prometo que continuarei por aqui :)

quinta-feira, 4 de março de 2010

“Porque gostas de mim?”

No final da semana passada fui a uma livraria, como faço com alguma regularidade, simplesmente para ver as novidades ou para ver se algo mês inspira o suficiente para fazer nova aquisição.
Comecei, sei lá bem eu porquê na secção das crianças e logo ali um livro me chamou à atenção. O título era “Porque gostas de mim?”. Basicamente versava sobre o percurso de uma criança com o seu amigo, imaginário ou brinquedo, não me recordo, na busca da resposta para esta questão tão simples.
E agora sou eu que pergunto, será assim tão simples?
Fiquei a matutar nisto e pronto, vai daí, novo post :)
Se alguém se lembrou de fazer um livro sobre esta pergunta, é porque teve algum motivo, até porque escrever para crianças não é assim tão fácil quanto isso. Público exigente :)
Acredito que o autor, ou autora, isso não fixei, enfrentou essa questão e não soube responder na altura e isso leva a reflexão.
Se eu agora chegar perto de um colega, de um familiar e colocar esta questão, será que obtenho resposta?
Cá vai:
“Porque gostas de mim?”
Colocada assim dá que pensar não dá?
Os dias correm a tal velocidade que nem nos apercebemos de coisinhas que para muitos são tão importantes, esquecemo-nos, renunciamos ou pura e simplesmente ignoramos a área das emoções, dos sentimentos. Acima de tudo, chegámos a um tal nível de egocentrismo, da cultura do eu, que nos esquecemos do Outro, de quem está ao lado, de partilhar, de vivênciar em conjunto, mas vivênciar a sério, não é só estar porque sim, porque fica bem, porque é socialmente correcto. Alguma vez viram uma criança a fazer isso? Não, pois não? É que elas ainda não tiveram tempo de aprender essas manhas, mas rápido, rápido elas chegam lá, e, como se está a chegar à conclusão, muitas, transformam-se em “pequenos ditadores”.
Mas voltando à questão inicial e deixando um repto, conseguiriam responder a esta questão, vinda ela de qualquer pessoa? Que resposta dariam? Colocariam esta questão a alguém? Ter sentimentos, ter emoções é humano, faz parte do nosso mapa genético. Experimentem perguntar! Mal não faz e pode ser que se tenham reacções inesperadamente deliciosas.
Acabei de ter uma ideia fantásticas, ou não, irei utilizar uma das redes sociais tão em voga para colocar esta questão e ver quais as reacções.
Ora aqui está, rede social, mas virtual, porque a rede social presencial está cada vez menos presencial :(
Isto é também uma autocrítica :)
Já agora, acabei por comprar um livro com compilações de Agostinho da Silva, esse filósofo intemporal :)

Sapatos

Hoje um tema um pouco mais fútil, creio que o posso dizer assim de chofre, porque na realidade é de uma estupidez monumental. Pelo menos assim à primeira vista.
Quem me conhece sabe bem como não passo cavaco à moda. Pronto, sei lá é daquelas coisas que não me causa grande fascínio. Não fico de trombas se não tenho o último modelito, se não tenho um brinquedo informático ou outra engenhoca qualquer toda xpto, simplesmente passa-me ao lado. Mas como tenho por hábito dizer, lá poruqe não tenho, ou porque não me causa transtornos, ou não quero, não significa que não veja ou até que comente, o que será o caso.
Para nos localizarmos no tempo, estamos a 3 de Março do ano de 2010. Ontem terça-feira vinha eu ao “encontro” do meu veículo para mais um romântico regresso a casa :), quando passo por uma miúda com uns sapatos que me despertaram a atenção. Sim, é isso mesmo que estão a ler, olhei para uns sapatos. Já não é a primeira vez, desde que iniciou este Inverno que encontro exemplares do género, mas ontem por algum motivo olhei com mais atenção e decidi escrever um post sobre o assunto :)
Não vai sair nada de extraordinário, é certo, afinal estaremos a falar de uma tendência de moda, mas aquele género de sapato é fantástico! :) Não que os calçasse pois parecem incómodos como o raio, mas o conceito é engraçado :)
Pronto, directa ao assunto. Quando me deparo com aquele género de sapatos viajo no tempo. Sim, é isso mesmo, viajo:) Vou até onde? Até ao século XVIII. A primeira imagem que me veio à mente foi a corte do rei D. Luís XIV, o rei Sol, o absolutista francês, mas logo a seguir pensei, mas porque penso na corte francesa, quando poderia pensar na corte portuguesa? Não sei porque isso aconteceu, talvez influências cinematográficas, mas depois restringi-me ao que é nacional. Se repararem bem nas pinturas de D. João V, de D. José I ou até mesmo do Marquês de Pombal, verificam com alguma facilidade que eles usam sapatos com o mesmo design dos dias de hoje. Quer dizer, agora podemos tirar os laçarotes e berlicoques, a maioria não é feita de pele ou tecido, mas o desenho é em tudo semelhante.
Já repararam que só referi personagens masculinos? Não é que as damas não tivessem o mesmo modelo de calçado, mas com aqueles vestidos imensos não estavam tão magnificentemente expostos como os dos homens.
Vejam lá o que os criadores pesquisam e tentam actualizar. Neste caso foram os sapatos em voga no período absolutista :)
Aquele “salto alto”, a “dobra” junto ao artelho, a forma como acabam por afunilar, em tudo semelhantes. Será que mais alguém reparou nas semelhanças de estilo? :)
Eu não disse que era um tema estranho? Mas pronto, queria partilhar este meu pensamento e análise sobre o assunto. Ainda dizem que não se aprende nada com a História!